POEMAS-BUGIGANGAS DO VELHO BAÚ

pouco o que dizer
quase nada
o que querer
fazer
é só deixar crescer
e se alastrar
a rama
soltamente farta
leve
do amar
viver...

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A VIDA NÃO É PRONTA
ELA É SOMENTE UM RUMO
ENTRE PONTOS CARDEIAIS

É VIVENDO
SE DANDO
AMANDO
SOFRENDO
QUE A VIDA SE FAZ


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Um pouco de luz a se doar pela fresta do telhado
ou pelo descuidado entreabrir de uma janela
é qualquer tanto bom de luz na quase noite plena
que invadiu-me o quarto e o mundo e a vida
pós-você...

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eu aqui
no meio do mundo
fim de noite qualquer
olhando estrelas...

ínfimo ponto perdido
na imensidão do universo
sem começo sem fim
fazendo versos...

acima
tudo grande
tudo muito
e alto
e longe
quase nunca...

transcenderá minha poesia pouca
à fragilidade deste instante
a esse lugar aqui
tão ao rés-do-chão?...

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sobre nós
poetas, bêbados, párias, marginais
pairam malditas profecias
descuidados que estamos
por deuses e astros
sempre

pouco se nos resta de alento
quase nada mais há
de rumo ou propósito
que não sejam
os sonhos puídos que sonhamos
e a frágil esperança
em que a gente ainda acredita

descoradas e tristes bandeiras
que só os loucos levantam...

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À PORTA
OU AO PORTO
ENCOSTA A TUA NAU CANSADA
DE MUITO CÉU E MAR
E ENTRA...

MEU CORAÇÃO É CASA OU CAIS
SEMPRE ENFEITADOS
A TE ESPERAR
E ELE HÁ DE ESTAR PRA TI
EM CONSTANTE FESTA
ATÉ O INÍCIO DE UMA NOVA ESPERA...